quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

de tempos a tempos

The Walk, filme de 2015


recordo agora o nome
de uma rua
que repousava num tempo
em final de época
quando para surpresa de todos
o que era conhecido
se tornou estrangeiro
e o que era estranho
se encontrou familiar
o que era próximo
se tornou longínquo
e o que estava afastado
se tornou íntimo
o que se sentia chegado
se voltou misterioso
e o que se imaginava
quase alienígena
virou gémeo
nesse revoltoso tempo
o que era angular
ficou redondo
o antes trocou de lugar
com o depois
o primeiro com o segundo
o último com o seu antecessor
uma reviravolta matemática
de maré em quebra ciclo
uma bolha que rebenta
e não rebenta
um suster de respiração
uma batida falhada
pausa suspensa e presa
uma gotícula de um milagre


lembrei-me também da mão
que fecha o dique
a mesma travando a boca
já doca seca
não vem de cima
nem de baixo
nem do meio
mas da profunda natureza
de todas as coisas
em precário equilíbrio
e ameaça com um final
de tempos que antecedem
outros de recomeço

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