sábado, 16 de julho de 2016

o meu primeiro morto




Era um homem bonito,
um rapaz, parecia
novo, deitado no chão
de pedra, dormia,
parecia, tinha eu cinco anos.
Na casa dos meus avós
trabalhava com outro homem
mais velho
fechando uma marquise.
De repente o silêncio cortou
o  rugido do berbequim.
Algo estranho acontecia,
na marquise semi fechada,
ele dormia em tronco nu,
parecia.
Tudo estaria bem não fosse
a voz trémula da avó,
o ar demasiado bíblico do avô.
Não me lembro de mais, só um mistério
que ficou no ar
e, na altura,  resolver
não sabia.

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