terça-feira, 26 de abril de 2016

Histórias para não contar




Antigamente tinha sempre muitas histórias para contar. Por isso escrevia. Escrevia para mostrar aos outros o que me tinha acontecido ou o que via acontecer à minha volta. Escrever era revelar. Como na Fotografia.
Agora a tarefa tornou-se mais complicada. Quanto mais vivo mais tenho o que escrever e menos me lembro dos pormenores. Agora que existe uma história, a minha história, e a ambição de a contar, veio a memória e baralhou-me os capítulos. O tempo roubou-me as certezas e tudo se apresenta trémulo, desfocado, duvidoso. Entre o que aconteceu e o que consigo lembrar não imagino onde fica a verdade.
Talvez por isso tenha começado a escrever poesia. A poesia serve mais para esconder do que para contar. E o que tenho para colocar na página são coisas ocultas, as quais, eu própria, só consigo alcançar de forma parcial.

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