sexta-feira, 26 de setembro de 2014

conspiração de palavras





Olho a página em branco. Não posso deixar passar as palavras. Tapo a boca com determinação e força. Mas as mãos são pequenas e, embora a boca não seja grande, as palavras esgueiram-se como enguias escorregadias, pelos espaços entre os dedos.  Caiem no branco da folha criando uma mancha de tinta que tento não decifrar. Conspiram contra mim. Têm uma mensagem e querem alcançar o seu destino. Baniram do seu grupo a palavra "orgulho" e o seu líder parece ser a "determinação". 
Utilizo agora o meu discurso racional para as convencer a voltar atrás. Não posso deixar passar as palavras.
Não ouvem. Não querem saber. Só pensam na viagem. Têm pressa. Têm muita pressa. Não vão esperar.

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