sexta-feira, 29 de agosto de 2014

sermão da fanera




Prendo o olhar à pedra,
espreita o verniz do dedão:
olá minha dona,
já estalaste tudo hoje,
ou guardas para estoirar amanhã?
Dá-me uma demão
que já desmaio,
cai-te a beleza
 e ele despreza,
arrebita o nariz,
coragem!
Olha filha, espera aí
que já te atendo,
são cinco minutos
eternos de sossego
e ele, com verniz
ou sem adorno,
é longe e cego
que esta beleza
é desconhecida
de quem não toca guitarra
e por isso é ausente
de unhas.
Não sejas pespineta
que a vida não é tão má,
há males que vêm por bem
e só faz falta quem está.
o queixume pouco adianta,
mais: quem pinta
seus males espanta.
Pois não basta o que basta
ainda levo com a fanera
a debitar sermão
de mim sei eu e ninguém,
deixem-me com a minha
sombra, o meu silêncio,
a solitária confissão.





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