sábado, 28 de junho de 2014

A MULHER



A mulher, manhã cedo se levanta
Carregando o seu filho, a sua dor.
A saudade é rija, a vontade é tanta
Que vai vencer o sonho e vender amor.

E mente, desmente, cala, contradiz.
Beija a paixão como quem chão encera.
Mas apenas finge amor p’ra ser feliz,
Tem no coração mentira sincera.

Pelo dia fora constrói a luta,
Vomita um sorriso só, na sarjeta.
Mexe no pó, corre, canta e labuta.

Queima as asas a doida borboleta.
Ao sair da noite chamam-lhe puta,
mas traz ao peito um coração poeta.

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