sexta-feira, 2 de maio de 2014

Areias

Agora que cheguei ao fim da história
depois de deambulações erráticas
e urticantes
percebi o início e o meio.
Percebi tudo e a compreensão
faz-me fechar o livro
de mãos vazias. Que deserto!
Não fiz outra coisa senão comer areia.
Quando pensava que eras alimento
digerível eras areia em pó
areia em grão
areia em pedregulho
areia impossível de assimilar
areia cansativa
areia que me absorvia
o riso
e me fazia escorregar no piso
Mas valia ter agora um aspirador
gigante em vez de ouvidos.
As más línguas trocaram-me as voltas
com boas-novas inconcebíveis.

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