domingo, 18 de maio de 2014

AMIGOS, NÃO HÁ AMIGOS




Quantos eram?
Onde moram?
Ao fim desta longa meia-vida
vivem ainda na mesma casa?
Quantos me conhecem
se lhes bater à porta?
Amigos, não há amigos
sem dia-a-dias de partilhas,
mesa,
desgostos,
cinemas,
noites
mal dormidas, desesperadas
possibilidades amorosas,
luto,
luta,
ressacas melancólicas,
nem amantes há sem cama.
O que resta por fim
da câmpanula protectora,
desse ar aquecido e suave
que nos contaminava?
Quantos átomos desse oxigénio
carrego para sempre?
Era real.
Como tudo o que existe e nasce,
longe da fonte, gasta-se,
dispersando-se
pelo vazio.

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