quinta-feira, 20 de março de 2014

CURANDEIRA



Escreve com pinças.
A tinta é um fio
que passa
de um lado ao outro,
agarra e fecha
Deixa curar
com o tempo.
Breve, breve
não se lê.

Umas pinças são delicadas
mas outras esmagam
e por vezes estão sós
os dedos
que procuram ansas
e línguas esconsas,
poças de sangue
sem cor
que deixam um traço
leve,
duradouro,
letras desenhadas
em margens
que se encontram
como estranhos
que não se rejeitam.

No fim das pinças
as foices
na razia do arame
afiado e lúcido
catando, deitando fora
a mácula
que se inutiliza
no mata-borrão.